Viagem para o Tibet: dicas e roteiro de 8 dias

O desejo de embarcar em uma viagem para o Tibet povoava minha imaginação há anos. Conhecer esse lugar mágico e misterioso era sonho de adolescência do meu pai, que passou o sonho para mim.

E para a minha sorte, meu pai foi meu companheiro nessa incrível jornada de 8 dias no Tibet e pelo nosso coração tibetano. Companhia que fez essa viagem ser ainda mais importante para mim.

Neste post, vou te contar mais sobre como organizar uma viagem para o Tibet e como aproveitar a oportunidade de conhecer um dos lugares mais interessantes do mundo.

Navegue por tópicos

Onde fica o Tibet?

O Tibet é uma região no planalto da Ásia, conhecida como o topo do mundo, que ocupa uma grande parte do centro-oeste da China.

A UNESCO considera o Tibete como parte da Ásia Central. Porém, outras organizações o veem como parte do Sul Asiático.

Como chegar no Tibet

A porta de entrada do Tibet é Lhasa, no coração da Região Autônoma do Tibet (TAR). A viagem até lá pode ser feita de trem – 2 a 3 dias -, de carro ou ônibus a partir de Katmandu, a Friendship Highway, que liga o Nepal ao Tibet.

Outra opção é a via aérea, a pertir dos principais hubs aéreos da China. Voamos de Beijing a Lhasa, com uma rápida escala em Chongquing. O voo durou cerca de 6 horas e foi super tranquilo.

Lhasa fica a cerca de 50 minutos de carro do aeroporto e nosso traslado foi organizado pela agência que contratamos.

A Região – autônoma? – do Tibet

O Tibet é uma região autônoma e segunda maior província da República Popular da China. O território tibetano ocupa uma área total de 1.200.000 km2 e tem altitude média de 4.900 metros.

Apesar de ser uma nação soberana e ter como parte de seu nome ‘região autônoma’, a tal ‘autonomia’ é muito questionada. Inclusive pelo Governo Tibetano no Exílio, chefiado pelo Dalai Lama, considera a administração do Tibet pelo governo chinês como uma ocupação militar ilegítima.

Fato é que o Tibet vive sob o controle do governo chinês, acusado por diversas organizações de proteção aos direitos humanos de perseguir e oprimir os tibetanos.

A bandeira tibetana foi proibida, os tibetanos não têm a liberdade de ir e vir, e não podem sequer citar o Dalai Lama. Eles são obrigados a se calar diariamente.

Para mim, a situação é clara como a água de um riacho.

Como planejar uma viagem para o Tibet: começando pela permissão especial

A entrada em território tibetano é super regulada e além do visto chinês, estrangeiros precisam de uma permissão especial para cruzar as fronteiras do Tibet. E essa permissão vale ouro!

Estrangeiros só conseguem emitir essa permissão através de uma agência local. E nunca se sabe quando o governo chinês fechará novamente as fronteiras tibetanas.

Conheci histórias de pessoas que tentaram 3 ou 4 vezes e tiveram sua entrada negada, mesmo com tudo reservado.

O processamento para a emissão da Permissão para entrada no Tibet leva de 8 a 9 dias úteis em Lhasa. E você já deve ter o visto chinês do seu passaporte para que a permissão possa ser solicitada.

Depois disso, a agência irá enviar o documento para o seu hotel na China continental. Ou seja, é necessário preparar tudo com a maior antecedência possível.

Eu contratei um pacote da Tibet Vista, uma agência local com mais de 20 anos de experiência. Eles me ajudaram com toda a parte de transporte (terrestre e aéreo) e hospedagem e documentação.

A viagem é feita em grupos pequenos de até 12 pessoas, e você pode escolher entre os 22 itinerários de viagem para o Tibet que eles oferecem em 2024.

Eu contratei a viagem de 8 dias de Lhasa ao Monte Everest.

O site GetYourGuide também oferece algumas opções:

• De Katmandu: excursão de 8 dias pelo Tibet
• Excursão em grupo pequeno: 6 dias no Tibet (Lhasa e Lago Namtso)
• 3 noites em Lhasa: viagem privada

Leia também: Quais são os passaportes mais poderosos do mundo?

O que fazer no Tibet: pontos turísticos

Os principais destinos e pontos turísticos para conhecer em uma viagem para o Tibet, são:

Lhasa

Lhasa significa lugar dos deuses, centro político e religioso da região autônoma do Tibet.

Em Lhasa os detalhes são encantadores. As ruelas da cidade antiga, os peregrinos e suas rodas de oração, as crianças sorridentes, e o barulho das bicicletas, carros e rickshaws são marcas que carrego e sinto frescas em mim toda vez que penso em Lhasa, e como foi viver tão intensamente aquela realidade. Gostei tanto que acho que ela merece um capítulo só dela nessa jornada!

Leia também: Lhasa, a cidade dos deuses

Shigatse

Shigatse está localizada a cerca de 250 km a sudeste de Lhasa e é a segunda maior cidade tibetana, com cerca de 80 mil habitantes.

É muito usada como base para as viagens até o acampamento base do monte Everest (EBC).

O grande destaque na cidade é o Mosteiro de Tashilhunpo, fundado em 1447 pelo primeiro Dalai Lama. Hoje em dia, é a sede do Panchen Lama, a segunda maior autoridade espiritual do Tibete depois do Dalai Lama.

Gyantse

Gyantse é famosa pelo Grande Templo Kumbum e pelo Dzong, o templo é um dos mais importantes locais de peregrinação budista no Tibet.

A cidade está localizada entre a geleira Karola e a cidade de Shigatse. É considerada a terceira maior cidade do Tibete depois de Shigatse e Lhasa

Lago Yamdrok Tso

O Lago Yamdrok Tso está localizado a cerca de 100 km a sudoeste de Lhasa e oferece aos visitantes uma experiência única de beleza natural.

É um dos grandes lagos sagrados de Tibet.

Acampamento Base do Everest | EBC (Everest Base Camp)

Para os mais durões, a visita ao Acampamento Base do Everest (do lado tibetano) é imperdível! Cansativa, mas imperdível. Uma oportunidade única na vida.

O que mais pesa durante esta viagem são os tempos de deslocamento. E não se deixar enganar pelas curtas distâncias numéricas.

No Tibet levamos cerca de 5, 6 horas para percorrer os 250 km entre Lhasa e Shigatse. E a estrada era boa e asfaltada.

Porém, levamos quase 12 horas para percorrer os 300km até o Acampamento Base do monte Everest.

E dentro de uma van velha, que não sabíamos se ia chegar inteira, de madrugada, no meio do nada.

Foi um pouco estressante, confesso. Mas virou história para contar. E toda a tensão e preocupação sumiram quando chegamos até o ponto de observação para assistir ao sol se pôr sobre os Himalayas. Foi algo inexplicável.

Estávamos diante da maior cadeia de montanhas do mundo. Literalmente no topo do mundo.

A viagem até a base do Everest serviu para que eu pudesse sentir na pele a poderosa e ‘primitiva’ energia desse lugar e de um povo tão ligado às forças da natureza.

Consegui logo entender porque as montanhas, os lagos, os animais são tão especiais e sagrados para os budistas tibetanos.

Leia também: Monte Everest, a mãe do mundo!

Monte Kailash

O Monte Kailash é um dos destinos mais fascinantes do Tibet. A montanha, cujo cume nunca foi conquistado (escaladas são proibidas), é considerada sagrada por hindus, budistas e jainistas.

Além de ser a morada de Shiva, segundo os hindus, o Monte Kailash também é a nascente de quatro dos maiores rios da Ásia: o Ganges, o rio Bramaputra, o rio Indo e o rio Sutlej.

Uma característica geográfica única que contribui para a aura mística que envolve a montanha.

A peregrinação ao redor do Monte Kailash é uma prática sagrada realizada por milhares de pessoas todos os anos. Faz parte da tradição tibetana percorrer, pelo menos uma vez na vida, a rota de peregrinação de 52 km.

O Monte Kailash é um destino de viagem único, pode ter certeza.

Lago Manasarovar

Manasarovar é um lago sagrado no Tibete, formado pelas águas das geleiras do Monte Kailash.

Ele está localizado na parte ocidental da Região Autônoma do Tibet, na província de Ngari, e é um dos mais altos do mundo, com uma altitude de cerca de 4.590 metros.

O lago é sagrado para praticantes do budismo, do hinduísmo, e do jainismo. Assim como praticantes da religião Bon (anterior ao budismo).

Segundo as lendas do budismo tibetano, a mãe do Buda, a Rainha Maya, banhou-se no lago antes de dar à luz o Buda.

No hinduísmo, o lago é uma criação da mente do deus Brahma, que criou um espaço perfeito para seus filhos tomarem banho após uma caminhada extenuante.

Ainda na tradição hindu, o lago Manasarovar é um símbolo de pureza, e beber sua água, pode limpar os pecados de centenas de vidas.

Ele é tão importante que dizem que as cinzas de Mahatma Gandhi foram espalhadas aqui.

Para os seguidores do Jainismo, o lago histórico está ligado ao primeiro Tirthankara, que alcançou o nirvana no Himalaia.

Cuidados antes de viajar para o Tibet: seguro viagem é essencial

Se você está pensando em encarar uma viagem assim, é essencial contratar um bom seguro viagem. O seguro é uma garantia em caso de algum acidente ou emergência. Já pensou que dor de cabeça?

E já te aviso de antemão: é uma viagem que exige muito fisicamente.

Lhasa, a porta de entrada no Tibet, fica a mais de 3.600 metros acima do nível do mar. A doença da altitude pode se manifestar a partir de 2.700 metros. Portanto, o ideal é fazer tudo bem devagar, com muita calma.

Como chegaríamos aos 5.250 até o fim da viagem, no EBC, fizemos um pré-tratamento durante 5 dias com comprimidos de Gingko biloba.

Os mais céticos podem me desacreditar, mas para mim a Gingko biloba deu certo. Me senti disposta, não tive dor de cabeça, com apetite, e foi tudo ótimo.

De qualquer maneira, também recomendo a compra de um tubo de oxigênio logo na chegada a Lhasa. Esses tubos são vendidos em todo lugar. Nas lojinhas nas ruas e hotéis.

Outra dica é estar sempre ligado em todo e qualquer sintoma para não deixar evoluir para quadros mais sérios.

O blog Mineiros na Estrada publicou um post muito legal sobre o mal de altitude. Dá só uma olhada!

Leia mais dicas de viagem para o Tibet

• Lhasa, a cidade dos deuses no Tibet
  
• Como é visitar o acampamento base do Everest, no Tibet
• Lhamo: a tradicional ópera tibetana
• Vídeo Inspiração: Tibet

Salve esse artigo no Pinterest