Quer saber como é a experiência de passar o carnaval na Chapada dos Veadeiros? A Gabriella Fontaneta, colaboradora do blog escreveu um relato completinho sobre a viagem dela em busca de paz e tranquilidade em pleno feriado. Olha só que demais!
Leia também: Guia Chapada dos Veadeiros
Carnaval na Chapada dos Veadeiros
Para o carnaval de 2015, eu e o Emiliano queríamos muito fugir de qualquer tipo de folia.
Pensamos, pensamos, olhamos mapas, procuramos passagens aéreas, fizemos as contas, e enfim chegamos à conclusão de que iríamos passar o carnaval na Chapada dos Veadeiros. Certamente um bom destino para o tão procurado sossego no feriado estigmatizado pelo barulho.
Onde fica a Chapada dos Veadeiros
A Chapada dos Veadeiros fica a menos de 300 km ao norte de Brasília, e pode ser acessada pelas cidades goianas de Alto Paraíso, São Jorge, e Cavalcante.
Alto Paraíso é a primeira delas partindo da capital federal. A cidade dispõe de uma boa estrutura turística, com boas opções de pousadas, agências de turismo, lojinhas esotéricas e bons restaurantes.
São Jorge é a mais pitoresca de todas. De chão de terra ainda, com poucos bares, algumas pousadas e campings instalados nos quintais das casas de moradores. O vilarejo é a porta de entrada para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Recentemente, a ligação de 36 km entre São Jorge e Alto Paraíso foi asfaltada – aliás, a estrada está em perfeito estado, com uma boa ciclovia delimitada – o que acarretou no aumento de visitantes a cidadela. Mesmo assim, São Jorge mantém um charme e astral inigualável.
A cidade de Cavalcante, distante cerca de 90 km ao norte de Alto Paraíso, também é usada como base para as atrações mais ao norte da Chapada, das quais, de longe, a mais famosa é a Cachoeira de Santa Bárbara.
Conhecer a Chapada dos Veadeiros de carro
A maneira mais prática para explorar os destinos da Chapada dos Veadeiros é alugando um carro no aeroporto de Brasília. Se você não quiser ou puder ir dirigindo, pode pegar um ônibus para Alto Paraíso de Goiás na rodoviária de Brasília.
A Real Expresso é a empresa que opera esse trecho e oferece 2 opções de horário para a viagem, tanto de ida, até Alto Paraíso (10h e 21h), quanto de volta para Brasília ( 13h55 e 00h20). Cada trecho da viagem custa R$46,95 (* preço de julho de 2017) e dura cerca de 3 horas e você pode comprar sua passagem online, pelo site da Real Expresso.
Onde ficar na Chapada dos Veadeiros
Você pode escolher se hospedar em Alto Paraíso, São Jorge ou Cavalcante. Em todos os casos você vai encontrar ofertas de hospedagem para todos os estilos de viajantes.
Leia mais detalhes em: Dicas imperdíveis de onde ficar na Chapada dos Veadeiros.
Alto Paraíso é a maior cidade da região e lá você vai encontrar uma grande variedade de opções de hospedagem e melhores preços. Boas opções de pousada lá são: Pousada Maya (★ 9) e Casa da Lua Pousada. Se quiser economizar uma graninha, as indicações, são: Pousada Beija-Flor (★ 8.5), Pousada dos Guias (★ 8.2) e Pousada Casa Rosa (★ 9).
São Jorge é a alternativa perfeita para quem quer fugir das luzes das cidades e curtir um contato mais intenso com a natureza. Boas opções de hospedagem em São Jorge, são: Pousada Alecrim do Campo (★ 8.2), Pousada Trilha Violeta(★ 8.3) e Pousada Luz do Sol (★ 9.3).
As opções de hospedagem em Cavalcante são mais restritas e se você quiser se hospedar por aqui deve reservar com antecedência, viu? Boas opções de hospedagem na cidade são: Pousada Vale das Araras (★ 8.9), Pousada Manacá (★ 9.3) e Pousada Morro Encantado (★ 8.6) | Essa pousada oferece piscina ao ar livre a ótima localização.
Como já frisei, estávamos procurando sossego, e por isso optamos por um camping entre Alto Paraíso e São Jorge, chamado Pachamama. A escolha não poderia ter sido mais acertada!
Como é acampar na Chapada dos Veadeiros
O camping é bem isolado, e tem uma vista espetacular para o Morro da Baleia, um dos pontos mais bonitos da Chapada!
Além disso, a filosofia deles é muito bacana, priorizando o silêncio e contato com a natureza, sem barracas coladas umas nas outras.
O importante ali era apreciar as estrelas, os belos entardeceres, incríveis amanheceres…
A indescritível “hora da ceia” das araras, realmente não tem preço!
O PachaMama oferece café da manhã, o que é uma mão na roda, e conta com uma cozinha bem equipada para quem quiser fazer as refeições, além de emprestar pequenas churrasqueirinhas a bafo para quem curte fazer um churrasquinho.
Os banheiros, feminino e masculino, contam com dois chuveiros e dois vasos sanitários cada um. Apesar do camping estar bem cheio no carnaval, os banheiros estavam sempre em ordem e foi bem tranquilo. Os donos do camping, Kelly e Eric, são bem solícitos e dispostos a dar boas dicas de trilhas e cachoeiras na região.
Sem contar que o Eric tem um hobby maravilhoso: produção de cervejas artesanais! Tivemos a oportunidade de experimentar duas versões de ale, e adoramos! Mas para beber a PachaMama, só mesmo indo até o camping!
Clima na Chapada dos Veadeiros
Um adendo sobre o clima: de novembro a abril é época das chuvas, então se você for viajar nesse período se prepare para se molhar ao menos nos finais de tarde. Nós pegamos bastante chuva à noite, e alguns dias durante a tarde. E a chuva no cerrado é linda! E cheirosa! Que delícia de espetáculo!
É, mas nem tudo são flores, rs... depois da segunda noite seguida de chuva torrencial, nossa velha barraca não deu conta! Tivemos eu tirar água com canequinha de dentro da barraca! Ainda bem que a barraca é grande e pudemos ficar no meio dela, junto das nossas coisas, e não tivemos problema para dormir.
Sobre o clima ainda, pegamos bastante calor durante o dia, mas mesmo no verão, as noites são bem fresquinhas. Aliás, as madrugadas eram bem frias!!! Levamos apenas um cobertor fininho e não deu conta! Colocamos casaco, calça, meias e mesmo assim passamos frio na barraca! Nos restou comprar uma manta de algodão bem grossa em Alto Paraíso para aguentar as madrugadas gélidas e chuvosas!
Bem, esses contratempos de camping não conseguiram ofuscar a magia da Chapada.
O que fazer em 4 dias na Chapada dos Veadeiros
Há cachoeiras e trilhas que não acabam mais! Nós montamos um roteiro de 4 dias com ajuda de amigos, e fomos fazendo algumas alterações nos planos conforme o clima do dia.
1. Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (São Jorge)
O parque nacional é muito bem estruturado e conta com 2 trilhas, cada uma com cerca de 10 km (ida e volta). Fizemos as duas trilhas em dias diferentes, já que você gasta praticamente o dia inteiro em cada uma, incluindo as paradas para curtir as cachoeiras.
São trilhas muito bem marcadas e de fácil acesso, mas como em qualquer ida ao mato, tem que levar pelos menos 2L de água por pessoa, além de um lanche e snacks para passar o dia. Se for época de águas, não se esqueça de colocar na mochila uma capinha de chuva, você vai nos agradecer!
Vimos muita gente fazendo as trilhas de chinelo, mas sinceramente, não recomendamos. O terreno tem trechos com bastante pedra e vimos um monte de bichos, como cobras e caranguejeiras, que eu particularmente prefiro estar com meus pés bem guardadinhos.
Trilha dos Cânions
O destaque dessa trilha são os cânions no Rio Preto e a linda cachoeira da Carioca, ótimos pra banho.
Trilha dos Saltos
Os Saltos do Rio Preto são o grande cartão postal da chapada. A queda maior com 120 metros e a menor com 80 são super fotogênicas, especialmente na época das chuvas, quando tem muita água correndo.
Pelas trilhas você pode apreciar a vegetação típica do cerrado, lindas árvores retorcidas e flores singelas, e incríveis visadas das morrarias da Chapada.
2. Vale da Lua (São Jorge)
Este é um dos cartões postais da Chapada dos Veadeiros, e para nós, geólogos, um lugar encantador
É um grande pavimento de rocha esculpido pela passagem da água, deixando-o bem polido e com interessantes buracos. Na parte de baixo dessa laje polida, forma-se uma deliciosa praia de pedrinhas.
Com a queda do rio, no qual também dá para tomar uma ducha. Eu tentei nadar até lá, mas confesso que não estou na melhor forma, cansei cansei e não cheguei em baixo da pequena queda. Mas só de ficar no poço de água cristalina, já foi maravilhoso!
O acesso ao Vale da Lua é muito fácil, e não precisa de dia. É só seguir a sinalização na estrada que liga Alto Paraíso a São Jorge. A entrada custa R$5, e apenas alguns minutinhos de caminhada do estacionamento até o vale.
**DICA: Na época de chuvas muitas atrações são fechadas devido ao perigo de tromba d’água. O Vale da Lua é uma delas. Fomos num dia sem ameaça de chuvas, e pudemos constatar enormes troncos de árvores que foram trazidos em episódios de tromba d’água. É assustador a força que o rio pode adquirir! Então, não é brincadeira, se estiver chovendo ou ameaçando chover, principalmente na cabeceira dos rios, nada de ficar dando sopa na água!
3. Cachoeira dos Anjos e Arcanjos (Alto Paraíso)
Escolhemos essa cachoeira porque no blog ‘E se fossemos para’ dizia que era a mais tranquila da região. Tínhamos tentando ir à cachoeira das Almécegas, mas devido ao feriado, não conseguimos nem entrar no estacionamento. E realmente, as cachoeiras dos Anjos e Arcanjos estavam bem tranquilas para um feriado. A cachoeira dos Arcanjos é incrível! Deliciosa para tomar banho, uma ducha super boa…. ficamos lá por horas, especialmente porque começou a chover e esperamos o tempo abrir.
Já a cachoeira dos Anjos é mais contemplativa. Há ainda três poços, rio abaixo, onde é possível tomar banho. O acesso se dá por uma estrada de terra, cerca de 12 km, que parte de Alto Paraíso para o vilarejo de Moinhos. Depois há uma trilha , puxadinha até, de aproximadamente 2 km. Valeu muito a pena termos escolhido essas cachoeiras.
4. Cachoeira de Santa Bárbara (Cavalcante)
Bem, essa cachoeira dispensa palavras… é realmente sensacional! É considerada por muitos a mais bela cachoeira da Chapada! A cor turquesa da água, a queda perfeita, o poço delicioso para tomar banho, as águas cristalinas…
Para acessá-la, é preciso ir a Cavalcante, 90 km a norte de Alto Paraíso, em estrada asfaltada e depois mais 30 km de estrada de terra até chegar ao quilombo dos Kalungas. O quilombo recebe os visitantes e lá você paga uma taxa de R$10,00 por pessoa, mais a contratação do guia (R$50,00 para o grupo), que é obrigatória e fundamental. De lá, são mais 6 km de estrada de chão, que podem ser percorridas com o transporte de moradores do quilombo.
Antes de partir para a cachoeira não deixe de reservar o almoço no quilombo para a volta. É fantástico! Comidinha caseira, no fogão a lenha…. huuum, não preciso dizer que me acabei! Pertinho do quilombo tem uma cachoeira que foi uma descoberta para nós. Não tínhamos visto nenhuma referência nos blogs que pesquisamos antes de ir.
Foi uma sugestão do guia do quilombo, e na volta da Santa Bárbara passamos na cachoeira da Capivara. É lindíssima, formada pela queda de dois rios diferentes em um mesmo poço, e com a vista do vale todo entalhado. Sim, de tirar o fôlego, não deixem de ir!
Existem outras centenas de cachoeiras… ficamos morrendo de vontade de passar ao menos uma semana inteira na Chapada, mas poderíamos ficar o mês inteiro e assim mesmo não repetiríamos uma cachoeira, rsrs.
Trilha até o topo do Morro da Baleia
Gostaríamos de ter feito a trilha até o topo do Morro da Baleia, que estava bem de frente para a nossa barraca. Infelizmente não deu nessa oportunidade!
Onde Comer na Chapada dos Veadeiros
Quanto à gastronomia, prepare-se para boas surpresas! Na pitoresca São Jorge, seguimos a dica de amigos e dedicamos um jantar na Risoteria Santo Cerrado. O lugar é fabuloso… uma decoração incrível, super aconchegante, com mesas estilosas, inclusive baixinhas para sentar em almofadas ao seu redor… iluminação a luz de velas, o restaurante é puro charme!
Os risotos também são divinos e vem em uma panelinha da Le Creuset, super elegante! Experimentamos o risoto com pequi e gengibre, e adoramos a combinação! Fomos no sábado do feriado, e tinha música ao vivo, muito boa por sinal. Agora, é um lugar para relaxar e curtir o ambiente… não se preocupe se a comida demorar (porque demora mesmo)!!
Outras opções em São Jorge são mais modestas, mas sem deixar nada a desejar! Provamos excelentes açaís na tigela e pamonha goiana em uma pequena lanchonete na praça central além de um digníssimo hambúrguer caseiro no intitulado “O melhor hambúrguer da Chapada”.
Restaurante Matula e Seu Valdomiro
Mas o restaurante mais tradicional da Chapada é, sem dúvida, o Matula, do Seu Valdomiro. Em estilo bem rústico, o barracão fica bem pertinho do camping onde ficamos, de frente para o Morro da Baleia. A comida típica e carro chefe da casa é uma espécie de feijoada com feijão branco e carne seca.
Infelizmente não conseguimos provar! As duas tentativas que fizemos foram frustradas pois lá funciona assim: é feita uma quantidade de comida para o dia, e a hora que acabar, acabou! Como estávamos nas cachoeiras durante o dia, às 17h quando passávamos lá, já tinha acabado a comida! Mas tudo bem, pudemos provar uma serie de licores feitos no próprio local, muitos com flores e frutos do Cerrado!
Noites em São Jorge
Em São Jorge, pudemos perceber que as noites são bem animadas. Não sei se exatamente porque era Carnaval, mas tinha músicas para todos os gostos, em vários barzinhos modestos da vila, além do Camping Taiuá (um camping grande e badalado que fica na estrada de São Jorge) e a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge ter shows de música ao vivo.
Enfim, encerro meu breve relato de um carnaval na Chapada dos Veadeiros já com saudades desse paraíso incrível. Toda a tranquilidade, todo o silêncio, os cheiros e a natureza exuberante, as cachoeiras que vimos e que não vimos…. tudo isso nos faz ter a certeza que em breve voltaremos para matar essa saudades!
E aí, se animou e resolveu passar o carnaval na Chapada dos Veadeiros? Encontre ofertas de passagem aérea para Brasília.
Quer saber mais sobre a Chapada dos Veadeiros?
Não deixe de ler nosso Guia: Chapada dos Veadeiros e confira também nossas dicas imperdíveis de onde ficar na Chapada dos Veadeiros.
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